terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sentidos

Vivo entre o estar, o pensar, dormir e acordar, onde os teus poemas se prolongam e se desenrolam perdidos no tempo, como uma passagem da vida para a morte, onde a dualidade do real e do imaginário acontece!Tento fugir em frente, para compreender aquilo que está para além da minha compreensão, pousando o lugar do pensamento no Tejo que me escuta, na Lezíria que me beija e no vento que me acaricia. Nessa relação íntima, as lágrimas soltam-se quando a noite chega aos meus olhos! Em cada dia, em cada instante desses mesmos dias a Lezíria surpreende-me transformando-se num centro de emoções e afectos onde regresso ao umbigo do Universo e do meu universo para me encontrar. Aí a noite é calma e doce, interrompida pelo cantar dos grilos, dos pássaros e pelo coaxar dos sapos. A lua e as estrelas iluminam-na e nela solto os sonhos e as vontades, que, quando regressam, já não vêem inteiros, porque algo de mim fica lá para o dia seguinte. Todos os dias revisito esses lugares, vestidos de roupagem de festa ou trabalho, onde cenários magníficos se constroem e onde todas as histórias podem ser encenadas, porque o desejo de me ultrapassar é infinito!
De narrativas hipotéticas urge um espaço construtivo de fios subtis de luz e certeza, que me prendem na minha procura. A minha voz solta-se e recomeço a sorrir, a revisitar a afirmação de que não podemos conhecer senão aquilo que está ao nosso alcance e nesta ambiguidade dos sentidos a abstracção é a fuga da realidade.

Júlia Fernandes, 2010

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