segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Instantes de quem pinta e escreve

Primeiro os momentos vazios, de ansiedade, de diálogo interior, até se desatarem os nós. Um tempo necessário para que os sentidos se activem - o cheiro da tinta invade-me e o olfacto engole-me à procura da tinta como um grande vício!
Depois, o papel e a tela branca, onde a angústia emerge e faz soltarem as primeiras pinceladas aleatórias, que são, sempre para mim, a essência do corpo da pintura, que passo a passo vai tomando corpo. A procura da forma e o jogo que estabeleço com elas dá-me a capacidade de exprimir a emoção plástica, a partir das minhas vivências, das minhas ideias e do meu estilo de pensamento.
As paragens ao longo da execução de um trabalho pictórico ou uma interrupção na escrita ou na pintura são sempre momentos de amadurecimento, de metaforização, que me leva ao recomeço com maior avidez.
Cada quadro e cada poema são a celebração da Vida com grande amor. O Amor é o sentimento nobre que nos move em todas as direcções dos nossos anseios e sonhos. Aprender a “ser” e “fazer” com Amor confere à nossa identidade a consciência de quem somos. Neste sentido, considero que a pintura está em mim sempre como uma linguagem sentimental e auxilia também as minhas palavras a se enrouparem de maior significado. Numa perspectiva inversa, neste momento as palavras, também uma grande paixão, integram a minha pintura como complemento e auxílio de descodificação para o observador.