quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Poesia



A escrita e a música combinam-se
Em ritmos, sons, palavras e cores
Permitindo a interpretação dos sentimentos
E dando às emoções a beleza dos amores.
Os dias percorridos ao ritmo apressado
Onde nunca mais regressámos,
Pela impossibilidade de nunca mais aí podermos voltar,
Faz com que nunca mais sejamos aquilo que fomos.
Mas o tempo traz à vida Poesia!
E tudo gira à volta dela, se nela encontramos
O brilho de uma estrela que se cruza no nosso caminho 


                                                                          Júlia Fernandes, 18 de Novembro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Introspecção

Neste instante de profundo olhar
Reparo que o que está dentro de mim
Suporta o que acontece fora de mim.
Escuto o tempo e isento-o,
As palavras vagas e cheias de razão,
Passando como rios imensos que sempre correm,
Ou o canto dos pássaros em voo distante.
A doçura das almas que me tocam,
Semeada na aridez de terreno sem dono,
Surge no diálogo mudo com o sol.
Depois, encaminho a minha escrita, de nudez completa,
Para a lua, correctora isenta, que a devolve
Com palavras de luz e de sede
Caídas mortas no tempo de ninguém.



Julia Fernandes, 2009

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cega Paixão

Quando a cega paixão se debruça
Na janela longa da espera
Permanece aí sem medir o tempo.
Depois, quando a lucidez desperta
E a exaustão adormece
Emerge um turbilhão de incertezas
De momentos de escolhas:
- Viver na gaiola da vida?
- Partir como as andorinhas?
Nesses momentos de dilema
As lágrimas da alma escorrem
De mãos dadas, vazias e caem sem fim
Traçando o caminho da viagem sem regresso!
Nesse instante o tempo reclama a sua labuta
Lavando as marcas da alma queimada.

Júlia Fernandes, 2008

Aos Amigos

A amizade é um botão de rosa amarela
Que desabrocha num dia de Primavera,
 Num gesto, num olhar, numa palavra -
- Um sinal de afecto, quando não se está só.
A amizade é caminhar mais além.
É manter a rosa amarela com pétalas aveludadas,
Luminosas como raios de Sol.
É semear o perfume dela no aconchego e na distância,
No cabo do mundo, quando é preciso.
É sentir a alma, intuir o pensamento de alguém,
No ruído da caminhada abrupta dos dias.
É oferecer a mão da verdade, da esperança,
Da luz e do amor que existe em nós.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Poesia



A poesia faz a alma voar no horizonte,
Gritar, soltar a voz do peito de sentimentos mansos.
A poesia é a percepção da luz, do entendimento profundo
Do campo dos sonhos, da fantasia e da realidade.
A poesia regista a teia do destino, na noite e no dia,
Liberta-nos, nos dias de sombra, num voo distante.
A poesia é a metamorfose constante da alma,
O equilíbrio para quem quer viver acordado.

            12.01.2009, Júlia Fernandes

Um texto de Ananda Marga

"A Atitude é tudo.
As coisas que te acontecem são menos importantes do que aquilo que acontece dentro de ti.
Há duas forças a trabalhar à tua volta, uma exterior e uma interior.
Temos muito pouco controlo sobre as forças exteriores como furacões, terramotos, desastres, doenças e sofrimentos.
Mas aquilo que realmente importa é a força interior: Como respondemos a esses desastres?
E sobre esta, podemos ter o controlo total.
Ninguém na terra te pode magoar, a menos que aceites a dor na tua própria mente. O problema não está nas outras pessoas, mas na tua reacção a elas.
Não podes controlar sempre as circunstâncias.
Mas podes controlar os teus pensamentos, para encontrares o caminho
."
Acrescento: - da serena liberdade.

Julia Fernandes, 2010

Curriculum Artístico

Os movimentos do pincel  e da caneta , que jorram simultaneamente como lava ardente das minhas entranhas e como água pura e cristalina lavando-me a alma, para depois me libertar num voo distante, são agora a memória de mim ”.    
Júlia Fernandes, 2010

Nasceu em 1961, na freguesia de Paços, concelho de Melgaço, distrito de Viana do Castelo.
É autodidacta na área da pintura e iniciou o seu percurso pictórico no ano de 1996.
Em 2004, frequentou o Curso Livre de Pintura, orientado pelo Professor Carlos Dias, na Cooperativa Árvore – Porto e o Curso de Técnicas de Pintura orientado pela Professora Paula Soares, no Museu Soares dos Reis – Porto.
Reside no Porto, com domicílio necessário em Santarém.

Exposições realizadas

Colectivas

Julho de 1996 – Escola de Bailado – Vila Real
Julho de 1997 – Escola de Bailado – Vila Real
Julho de 1998 – Escola de Bailado – Vila Real
Julho de 1999 – Escola de Bailado – Vila Real
Julho de 2000 – Escola de Bailado – Vila Real
Julho de 2001 – Escola de Bailado – Vila Real
Março de 2005 – Labmed – Av.ª de França – Porto
Julho de 2005 – Casa dos Açores – Porto
Novembro de 2005 – Solar do Alvarinho – Melgaço
Novembro de 2006 – Lugar do Vinho – Porto
Abril de 2007 – Solar do Alvarinho – Melgaço
Março de 2008 – Woodhouse in Arte
Abril de 2008 – Quinzena do Ambiente – Águeda
Maio de 2008 – Fórum Vallis Longus – Valongo
Junho de 2008 – Galeria Arte no Cais – Porto
Novembro de 2008 - Solar do Alvarinho – Melgaço
Dezembro de 2009 – Casa do Brasil - Santarém


Individuais
Fevereiro de 2001 – Solar do Alvarinho – Melgaço
Fevereiro de 2005 – Café com Livros – Valença
Abril de 2005 – Solar do Alvarinho – Melgaço
Dezembro de 2005 – Café com Livros – Valença
Janeiro de 2006 – Câmara Municipal – Peso da Régua
Abril de 2006 – Solar do Alvarinho – Melgaço
Junho de 2006 – Galia Lucília Guimarães - Guimarães
Outubro de 2006 – IPJ de Vila Real
Dezembro de 2006 – IPJ de Viana do Castelo
Maio de 2007 - Galeria Lucília Guimarães - Guimarães
Junho de 2007 – Câmara Municipal de Ponte da Barca
Julho de 2007 – Posto de Turismo de Esposende
Setembro de 2007 – Casa da Cultura de Miranda do Douro
Novembro de 2007 – Solar do Alvarinho – Melgaço
Junho de 2008 – Biblioteca Municipal de Barcelos
 Setembro de 2008 – Biblioteca Municipal de Moimenta
Maio de 2009 – Solar do Alvarinho – Melgaço







Outras Participações
2004 – Participou na elaboração e lançamento do livro 2004, Gatafunhos, Edição Particular, com desenho e poesia

2005 – Participou na ilustração de uma colecção de postais de Natal

2008 - Lançou o livro “Passeios Interiores”, que integra poesia e pintura da artista.


Representação
Encontra-se representada em colecções privadas, em Portugal, Espanha, França e Estados Unidos da América e em instituições públicas: Câmaras Municipais, Governo Civil de Vila Real, Institutos Públicos e Juntas de Turismo.
Integra o espólio de um coleccionador de arte nacional.

Sentidos

Vivo entre o estar, o pensar, dormir e acordar, onde os teus poemas se prolongam e se desenrolam perdidos no tempo, como uma passagem da vida para a morte, onde a dualidade do real e do imaginário acontece!Tento fugir em frente, para compreender aquilo que está para além da minha compreensão, pousando o lugar do pensamento no Tejo que me escuta, na Lezíria que me beija e no vento que me acaricia. Nessa relação íntima, as lágrimas soltam-se quando a noite chega aos meus olhos! Em cada dia, em cada instante desses mesmos dias a Lezíria surpreende-me transformando-se num centro de emoções e afectos onde regresso ao umbigo do Universo e do meu universo para me encontrar. Aí a noite é calma e doce, interrompida pelo cantar dos grilos, dos pássaros e pelo coaxar dos sapos. A lua e as estrelas iluminam-na e nela solto os sonhos e as vontades, que, quando regressam, já não vêem inteiros, porque algo de mim fica lá para o dia seguinte. Todos os dias revisito esses lugares, vestidos de roupagem de festa ou trabalho, onde cenários magníficos se constroem e onde todas as histórias podem ser encenadas, porque o desejo de me ultrapassar é infinito!
De narrativas hipotéticas urge um espaço construtivo de fios subtis de luz e certeza, que me prendem na minha procura. A minha voz solta-se e recomeço a sorrir, a revisitar a afirmação de que não podemos conhecer senão aquilo que está ao nosso alcance e nesta ambiguidade dos sentidos a abstracção é a fuga da realidade.

Júlia Fernandes, 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Poemas no Intervalo



Todos vamos mudando no tempo,
Como se de estações do ano se tratasse.
Aprendemos a revestir-nos de outras folhagens,
Para que o nosso interior não se desgaste e adormeça.
Aprendemos a aliviar com um suspiro a paixão,
Com uma lágrima a apagar a dor,
A escutar a música, entre o real e o imaginário
Com desejo e apego, tantas vezes.
Calamos a voz
Às palavras que fogem da boca,
Deixando-as sublimadas em silêncios persistentes,
Aos gritos de desejo que não ecoam,
Só porque chegou a Primavera,
Com o perfume das flores no campo
E a brisa fresca do vento,
Acariciando-nos a face.




                      Júlia Fernandes, 2009

Palavras perdidas



Nos dias cinzentos, quando os sentidos subsistem,
Na dualidade da morte e da vida,
As palavras soltam-se da boca
Á primeira ave que passa
Procurando o sossego submergido
Pela onda forte da vida.
Naufragada a alma no lodo
Da maré vaza, melancólica e despida,
Pelas palavras que nunca mais escutarei.

2010, Júlia Fernandes